quarta-feira, junho 04, 2008

Duzentos anos: para quem? Parte I (rascunho)

Faltam dez anos para completar duzentos anos da fundação da cidade de Nova Friburgo. A imprensa da cidade, os empresários e os grupos políticos dominantes estão proclamando a comemoração dos duzentos anos da cidade. De “Suíça Brasileira”, depois “Paraíso Capitalista” e agora “Capital da Moda Intima” devemos nos perguntar duzentos anos para quem?
A Classe Operária foi destruída por questões políticas e econômicas locais, nacionais e mundiais. Hoje já não tem mais a força que um dia, em tese, teve. A Classe Operária não foi ao paraíso, aquela Classe que começou a ser formada no inicio do século perdeu a luta de classes. Isso, luta de classes. E para aqueles empresários, juízes, comerciantes, deputados estudais e federais, vereadores, burocratas sindicais, tecnocratas que falam em coesão social, e acreditam que a luta de classes morreu, aí vai um alerta....Não comemorem tão antecipadamente, porque perdermos uma primeira parte do jogo.
Não acredito em caridade, e se um comerciante-deputado distribui sorrisos, emendas e agrados políticos-econômicos é porque seu único interesse é dominar. Ainda que isto seja inconscientemente. É bom lembrar que o empresário enriquece a partir da exploração efetiva sobre o trabalhador. Para não deixar dúvidas. Ele explora. Ele domina. Não houve nenhuma refutação cientifica da Teoria do Valor Trabalho.
Então essa comemoração resgata a história de quem? A nossa história? Não. Ela resgata a história da louvação, do progresso. Nós somos os filhos oprimidos e explorados desta colônia suíça que FRACASSOU, somos, em parte, descendentes de CAMPONESES POBRES, de ex-escravos, que formaram a Classe Operária.
Os empresários e a elite política hoje encontram uma classe sem classe, uma classe subalterna de costureiras, comerciários e metalúrgicos que não se olham enquanto classe antogônica a esses vampiros modernos. “Nós somos os produtores” nascidos desta sociedade exploração.
E a nova geração? A minha e as que chegam agora no mundo real? De maneira geral uma parte trabalhará no comércio e nas poucas indústrias. As mulheres continuaram sua dura jornada tripla de trabalho (casa-estudo-trabalho), principalmente exploradas em confecções.
A cidade cresce e ouvimos o chororó do crescimento de “favelas” e bairros pobres. Mas aqueles que reclamam não entendem que a questão da habitação está associada aos baixos salários e a especulação imobiliária.
As chuvas de janeiro de 2007 vieram, passaram, destruíram....e a população pobre, oprimida, se levanta, ou tenta se levantar contra empresários e políticos que sentados em seus escritórios e gabinetes, em suas confortáveis casas em belíssimos locais não dão a mínima para os trabalhadores, a não ser quando ele não vai bater cartão.
Mas nós, Netos e Filhos da Classe Operária temos que re-construir sob os escombros da velha a nova Classe Operária, mas firme, convicta e radical em suas aspirações de libertação da humanidade, de destruição dos capitalistas. E não se esqueçam de 2000, pois tem uma geração de filhos e netos de operários que não se esqueceram.

Em lembrança a 1968....

Notre espoir ne peut venir que des sans-espoir. (Hall Sciences Po.) (A nossa esperança não pode vir senão dos desesperados)
Nós somos ratos (talvez) e mordemos.
Não me libertem, eu encarrego-me disso
Não reivindicaremos nada. Não pediremos nada. Conquistaremos.
Ocuparemos

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